MP pede fim de tráfego de veículos em rua centenária de Luziânia, GO. Objetivo da ação é preservar casarões históricos tombados no município. Trânsito de caminhões já é proibido, mas motoristas desrespeitam a norma.10/07/2014 11h38 – Atualizado em 10/07/2014 11h38Do G1 GO, com informações da TV Anhanguera03:46/03:46
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) propôs uma ação civil pública contra a Prefeitura de Luziânia para pedir o fim do tráfego de veículos na Rua do Rosário, onde estão localizados casarões centenários. Segundo o promotor Ricardo Rangel, a medida “é uma forma explícita de ressaltar a obrigação do município em preservar os imóveis históricos”.
A rua foi construída antes mesmo da fundação da cidade, em 1746, época em que bandeirantes se deslocaram à região em busca de ouro. Ao todo, 29 destes imóveis foram tombados pelo estado como patrimônio histórico. No entanto, há 20 anos, esse número era bem maior, pois cerca de 30 construções semelhantes desmoronaram com o passar do tempo. O motivo é a ação do tempo e o tráfego de veículos, que danificam a estrutura das casas.
A professora Lúcia Inês Braz é proprietária de um desses casarões, onde mora desde criança. Apesar de gostar do local, ela confessa que os desafios para manter a construção centenária são muitos. “As despesas são grandes, a estrutura não é suficiente, nós temos muitos gastos. A gente possui a isenção do IPTU porém essa isenção só não é suficiente”, reclama.
Há cerca de um ano, o tráfego de veículos pesados, como caminhões, foi proibido. Porém, sem fiscalização, a norma é desrespeitada.
Segundo o Secretário Municipal de Cultura, João Almir, o município não tem verba para ajudar na preservação das construções e também ainda não há como desviar o trânsito no local. “Hoje também é um problema o estudo de viabilidade de trânsito para essa mobilização e para o desvio desse trânsito aqui da Rua do Rosário. Mas, a partir do momento que isso vir a ocorrer, vai ser um ganho imenso para nós do município para que nós possamos criar aqui um corredor cultural”, diz.
MP pede fim de tráfego de veículos em rua centenária de Luziânia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
O evento é bicentenário e atrai centenas de pessoas durante os nove dias de comemoração.
Em Luziânia, a tradicional festa em louvor ao Divino Espírito Santo surgiu em 1753. O festejo, depois da semana santa, é a principal festa da cidade de Luziânia-Goiás. O evento é símbolo cultural e religioso da cidade. A festa, em 2016, completa 263 anos de existência. A novena do Divino Espírito Santo dura nove dias, e acontece cinquenta dias depois da páscoa.
Após as celebrações das missas, tem o momento de confraternização da comunidade quando acontecem leilões de prendas, brinquedos para as crianças e venda de comidas típicas, como o tradicional pão de queijo frito. Segundo a organizadora Corina Maria de Lurdes, a festa reúne centenas de pessoas durante os nove dias de celebração.
Corina está á frente da festa há mais de 50 anos
Corina está à frente da festa desde 1959. Segundo ela, a celebração é muito importante para a cidade, e se tornou um patrimônio cultural de Luziânia. Corina afirma que não é fácil manter a tradição. “Quando comecei era muito difícil. Eu trabalhava quase só, hoje em dia as coisas melhoraram. Tem bastante voluntários nos ajudando a manter a festa”, diz a organizadora.
A festa é marcada pelo costume familiar. Ela perpetua de geração para geração. Famílias tradicionais da cidade seguem os passos dos seus antepassados, não deixando a cultura da cidade acabar.
Exemplo disso são os irmãos Marcos de Araújo Melo, empresário, 50 anos, e Marcia dos Reis Melo Roriz, 54, auxiliar de contabilidade. Ambos são herdeiros dos costumes do seu avô Benedito de Araújo Melo, e do pai Vasco do Rosário Araújo Melo. De acordo com eles seu pai sempre participou da festa e que isso vem antes do seu bisavô. Eles falaram que no começo iam apenas para brincar, mas que com o passar do tempo foram tomando gosto pela festa.
Em 1999 o empresário começou a trabalhar na novena. Ele foi convidado para tomar conta do bingo. Até hoje Marcos trabalha em prol da comemoração. Para o devoto é um prazer seguir os passos de seu pai. “Aprendi tudo com meu pai. Nós temos uma devoção muito grande pelo Divino Espírito Santo, e tenho um amor muito grande por Luziânia. Não podemos deixar essa tradição morrer, essa festa é a cara da nossa cidade”, conclui o empresário.
Tradição passa de pai para filho
Marcos de Araújo já está passando seus conhecimentos para os seus filhos, Guilherme Braz de Araújo Melo e Sofia Braz Melo. Guilherme 22 anos, estudante, começou a seguir os passos do pai. O jovem começou a participar ativamente da festa em 2014. Para ele é muito importante seguir os passos do seu bisavó, avô e pai. “É uma honra e graça muito grande ser escolhido pelo Espírito Santo para continuar uma tradição de fé e devoção que se estende de geração em geração dentro da minha família”, afirma Guilherme.
Folia de rua
Fotografias mostram quando a festa do Divino Espírito Santo inciou
A folia de rua é o grande momento de toda a festa. Todos os anos a população se reúne no centro comunitário da cidade para um grande almoço gratuito. Logo em seguida os devotos e foliões saem em procissão fazendo o giro com a bandeira do Divino Espírito Santo de casa em casa. No final da tarde, em frente à igreja matriz, tem o encontro das bandeiras simbolizando a união das famílias e a tradicional queima de fogos.
A folia de rua acontece na segunda sexta-feira do período de realização dos festejos. O giro pela cidade é tão tradicional e importante que através de um decreto o Prefeito determinou feriado nesse dia para que a população acompanhasse a folia pela cidade.
Através de um sorteio são escolhidos os cargos para Imperador, Imperatriz, Capitão do Mastro, Mordomo da Fogueira e Procuradores da Sorte. Os festeiros sorteados para os devidos cargos são responsáveis por ficar à frente de toda a preparação da festa e do encerramento com o giro da folia. Na última missa solene de encerramento da festa, no domingo, tem um novo sorteio para ver quem vão ser os festeiros do próximo ano.
Planejamento do Governo
Pela grandeza da festa do Divino Espírito Santo, o Secretário de Cultura João Almir Mendes, criou o projeto para a construção do local próprio para ser feito o tradicional evento na cidade. A confraternização da novena acontece na rua do centro. Segundo ele, isso atrapalha os moradores que moram ali perto.
De acordo com o secretário de Cultura, o projeto do Divinógramo já foi aprovado pela Câmara e falta sentar com as partes competentes para planejar a construção do local.
Para João Almir Mendes de Sousa, a festa é muito importante para a cidade de Luziânia. Por ter muito tempo de existência e pela sua história e tradição. Segundo Mendes ela fomenta não só a cultura, mas também o turismo religioso e cultural do município. “Tem pessoas que vem de longe só por conta a festa, pelo fato dela ser muito tradicional”.
História da festa
A tradicional festa do Divino Espírito Santo tem origem no cristianismo. De acordo com pesquisas a festa é para comemorar a descida do Espírito Santo sobre os doze apóstolos. O tradicional evento teve origem em Portugal no século 14, com uma celebração estabelecida pela rainha Isabel.
No Brasil, a festa foi estabelecida no século 17. A comemoração tem a cultura muito forte nos estados de Goiás, Mato Grosso, Maranhão, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Apesar do passar do tempo a festa ainda mantem sua originalidade. Na maioria das cidades onde ocorre o festejo, ela virou patrimônio cultural.
O mapa foi aprovado para publicação em 30 de agosto de 1928, no período em que o autor, Gelmires Reis, era Intendente Municipal (Prefeito) “em exercício”, sendo “Presidente” do estado de Goiás, Brasil Ramos Caiado. Segundo notas do próprio autor no “Dicionário Geográfico do Município de Santa Luzia”, também de sua autoria, o mapa foi produzido com uma intenção bem específica: “somente tive em mira dar uma pálida ideia de quanto é vasto, rico e belo o município que tenho a subida honra de administrar”.
As informações para a confecção do mapa foram colhidas nos Almanaques de Santa Luzia para os anos de 1920 e 1925, além do Dicionário Geográfico do Município de Santa Luzia, publicado em 19 de julho de 1929, no ano seguinte à publicação do mapa. A representação espacial foi baseada no “Mappa do Estado de Goyaz” elaborado por Frei Reginaldo Tournier, a partir da primeira versão de 1918. (Cf. neste GUIA, p. 122).
No acervo recolhido pelo “Projeto Documentos Goyaz” do Arquivo Público do Distrito Federal, há uma cópia digital do Dicionário Geográfico do Município de Santa Luzia.
O mapa apresenta os limites do Município de Santa Luzia, como era nomeado na época o atual município de Luziânia, bem como os limites das Fazendas. É provavelmente o primeiro mapa municipal (1929), entre os três municípios que irão ceder território para a nova capital no Planalto Central, a fazer referência explícita ao quadrilátero do novo Distrito Federal.
Extremamente rico em informações, faz referência minuciosa às chapadas, morros, espigões, serras, cursos d’água, lagoas, matos, capoeiras e cachoeiras. Como referência política apresenta todas as cidades e vilas, arraiais, estações da Estrada de Ferro de Goiás, pontes, portos, linha telegráfica, além de indicar as casas nas fazendas e capelas (de diversos cultos). Em relação às estradas, diferencia estradas de automóveis, estradas de rodagem e traça as estradas de ferro. Indica várias jazidas: de ouro, ferro Agatha, cristal de rocha, antimônio, mica e malacacheta, pedra de cal, sal gema, além de águas termais.
Leitura paleográfica:
Planta do Município de “Santa Luzia”.
Estado de Goyaz.
Escala, 1:200,000
Organisado em 1928 / Sendo Presidente do Estado de Goyaz o Ex.mo Sr. Dr. Brasil Ramos Caiado
[texto manuscrito ao lado do título do mapa]
Approvada / Santa Luzia, 30 de agosto de 1928. / O Intendente Municipal /Gelmires Reis. [assinatura]
Estrada de Ferro:
F. de Goyaz: A última Estação em trafico, (Viannopolis) fica situado a distancia de 108 km da cidade de Santa Luzia. Traçado do E.F.C do Brasil (Pirapora à Belém do Pará) passando na cidade de Formosa, ficará a distância da cidade de Santa Luzia 126 km.
Limites
Começando da Barra do Rio São Bartholomeu, no Rio Corumbá, pelo São Bartholomeu acima, até a barra do Rio Pamplona; por este acima, até a sua cabeceira; desta, em rumo à cabeceira do Ribeirão Samambaia; desta cabeceira, pelo rincão divisor das águas do Rio São Bartholomeu e do Rio Jardim, até morrer no mesmo Rio São Bartholomeu; por este acima, que ahi toma o nome de Rio Paranoá; por este acima, até a barra do Ribeirão do Gama; por este acima, até a barra do Corrego Fundo; por este acima, até a barra do Corrego Vizente Pires; por este acima, até a sua cabeceira, desta, pela Estrada do Urbano, em rumo à origem do Ribeirão da Palma; por este abaixo, até sua barra no Rio Maranhão; por este abaixo, até a barra do Rio Verde; por este acima, até o logar em sua cabeceira denominado Bocaina, onde existia uma cruz; dahi, pelo espigão, em rumo à cabeceira do Ribeirão Macacos; por este abaixo, até sua barra no Ribeirão Areias; por este abaixo, até sua barra no Rio Corumbá; por este acima, até confrontar a Chapada das Covas ou Covoados; pela chapada, até o Rio Piracanjuba; por este abaixo, até a barra do Ribeirão da Extrema; por este acima, até a ponta da Serra do Gordurinha; dahi, pelo espigão, até apanhar os Marcos da Demarcação da Fazenda Mandaguahy; por estes marcos, até o que fica mais próximo do Ribeirão Mombuca, em rumo ao espigão do outro lado; deste, pelas águas vertentes, até chegar à estradinha que divide a Fazenda Posse da do Japão; dahi, voltando à direita, pelo espigão do Poção, até o Rio Corumbá; por este acima, até a barra do Rio São Bartholomeu, onde teve inicio a descripção dos limites.
Nota:
[desenho de uma estrela com quatro pontas]
Indica o loga onde cahiu o notável Holosidero (meteorito) Santa Luzia, em 1º de junho de 1919 as 18 horas. Foi remettido ao Museu Nacional do Rio de Janeiro em 1928.
Estradas de automóveis
Distancia entre a cidade de Santa Luzia e a Capital de Goyaz são aproximadamente pelas estradas de automóveis:
Santa Luzia via Viannopolis, Bella Vista, Campinas, Inhumas e Itaberahy – 438 km.
Santa Luzia via Viannopolis, Annapolis, Corumbá, Pyrenopolis, Jaraguá e Itaberahy – 446 km.
Santa Luzia via Viannopolis, Annapolis, Aracahy, São Francisco das Chagas, Jaraguá e Itaberahy – 385 km.
Santa Luzia via Viannopolis, Annapolis, Inhumas e Itaberahy – 350 km.
Planta levantada por ordem da Intendencia Municipal de Santa Luzia – Estado de Goyaz – sendo Intendente Municipal o Ex.mo Sr. Gelmires Reis.
Observação
Esta planta foi organizada por informações de:
Comissão do Dr. Luiz Cruls – 1893 / Mappa do Estado de Goyaz – por Frei Reginaldo Tournier – 1918. / Traçado do E.F. Goyaz. / Rede de Viação Sul do Estado de Goyaz. / Plantas das Fazendas medidas no Municipio / Gelmires Reis, Intendente Municipal em Exercício.
Nota:
Informações colhidas, nos Almanachs de Santa Luzia para os annos de 1920 e 1925 e no Diccionario Geographico do Municipio de Santa Luzia, (inedicto) organizados pelo atual Intendente Municipal o Ex.mo Sr. Gelmires Reis.
Data Históricas – Santa Luzia foi: fundada pelo Bandeirante paulista Antonio Bueno de Asevedo, em 13 de dezembro de 1746; / Julgado, em 30 de outubro de 1749; / Freguezia de naturesa collativa, em 2 de outubro de 1756; / Villa, em 1 de abril de 1833; / Cidade, em 5 de outubro de 1867; / Sede de Comarca, em 25 de julho de 1907.
Propriedade do Município de Santa Luzia – Estado de Goyaz
[assinatura] / Engenheiro civil / Santa Luzia – Goyaz – Agosto 1928.
Referências:
1 – REIS, Gelmires. Diccionário Geographico – do município de Santa Luzia, estado de Goyaz. Estabelecimento Gráphico Carvalho Filho, Araguary. Edição do autor, 1929.
Fonte – Casa da Cultura Rui Carneiro – Luziânia/GO
Medidas – 30 cm × 45 cm
Data – 1928
Localização – Emoldurado e afixado na parede de uma das salas da Casa da Cultura Rui Carneiro do Município de Luziânia, dedicada ao historiador daquela cidade, Gelmires Reis.
Observação – Há um exemplar com medidas diferentes e bastante danificado, no Arquivo Histórico de Goiás. E outro na Alap – Academia de Letras de Luziânia